Bioma Pantanal - Uma Riqueza Natural Única

Bioma Pantanal: Uma Riqueza Natural Única

O Pantanal, classificado como uma das maiores áreas de planícies alagadas globalmente, estende-se pelos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Apesar de ser o menor em extensão territorial no Brasil, compreende aproximadamente 2% do total do território nacional. Essa região abraça a bacia hidrográfica do Rio Paraguai, alimentada pelos rios Paraguai, Cuiabá, São Lourenço e Miranda. Durante o período de cheias, grande parte da planície pantaneira fica submersa, resultando na incapacidade do solo de absorver toda a água.

O Bioma Pantanal apresenta peculiaridades notáveis, abrigando a maior concentração de fauna nas Américas e exibindo características singulares de outros biomas. Além disso, atua como elo entre duas importantes bacias hidrográficas transfronteiriças, a Amazônica e a do Prata, desempenhando a função crucial de corredor biogeográfico. Essa característica contribui para a disseminação de diversas espécies da fauna e flora, conferindo-lhe o reconhecimento como patrimônio natural pela UNESCO.

 

Fauna Pantaneira: Tesouro Ecológico Ameaçado

Este ecossistema valioso, lar de uma vasta variedade de mamíferos, répteis, aves e peixes, complementa-se com uma vegetação exuberante, manifestando-se por meio de movimentos em formas, cores e sons, proporcionando um espetáculo magnífico.

A diversidade da fauna é notável, abrangendo inúmeras espécies. Contudo, diversas enfrentam o risco de extinção, como o tamanduá-bandeira, tamanduá-mirim, lobinho, veado-mateiro, entre outros.

Com mais de 230 espécies de peixes, o Pantanal supera em número os exemplares de todos os rios europeus combinados, destacando-se piranhas, pintados, pacus, curimbatás e dourados. O jaú, um bagre gigante, ostenta o título de maior peixe do Pantanal, chegando a 120 kg e 1,5 metros de comprimento. O maior peixe do mundo, o pirarucu, com 3 metros de comprimento e até 200 kg, reside na Amazônia.

O jacaré-do-pantanal, inofensivo à humanidade, atinge 2,5 metros de comprimento e alimenta-se de peixes, enquanto o jacaré-açu chega a 6 metros, podendo mudar de cor para se camuflar e atacando apenas quando ameaçado. A sucuri-amarela-do-pantanal, com até 4,5 metros, alimenta-se de peixes, aves e pequenos mamíferos, enquanto sua contraparte amazônica, com impressionantes 10 metros, é capaz de engolir uma capivara adulta.

A região abriga cerca de 650 espécies de aves, incluindo o tuiuiú, símbolo do Pantanal, com envergadura de asas superior a 2 metros. O morcego-fantasma-grande, a maior espécie das Américas, com mais de um metro de envergadura nas asas, também é encontrado no Pantanal.

Apesar da relevância ecossistêmica, apenas 4,6% do bioma é protegido por Unidades de Conservação. Incêndios e atividades agropecuárias extensivas impactam gravemente o Pantanal, prejudicando não apenas sua fauna e flora, mas também a dinâmica produtiva que sustenta as comunidades locais. É imperativo incentivar programas de preservação para salvaguardar essa maravilhosa região.

Flora Pantaneira: Diversidade e Utilidade

A vegetação no Pantanal apresenta um mosaico composto por matas, cerradões e savanas, resultado direto da influência de três importantes biomas brasileiros: Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica. Nesse contexto, espécies como cambará-lixeira, canjiqueira e carandá prosperam em campos inundáveis diversos, incluindo brejos e lagoas com plantas características, como os camalotes.

Formações vegetais comuns no Pantanal incluem os carandazais, onde a palmeira carandá predomina, os buritizais, dominados pela palmeira buriti, e os paratudais, formados por um tipo de ipê conhecido como paratudo.

A flora pantaneira não apenas exibe um alto potencial econômico como pastagem nativa, devido à formação de pastos naturais dentro do bioma, mas também oferece recursos valiosos nas áreas de plantas apícolas, comestíveis, taníferas e medicinais.

Nas margens dos rios, desenvolve-se a mata-de-galeria ou mata ciliar, desempenhando um papel crucial na proteção dos rios, ao reter sedimentos e regular os ciclos hidrológicos. Espécies vegetais adaptadas a ambientes mais úmidos, como tucum, jenipapo, cambará e pau-de-novato, contribuem para essa importante função ambiental.

Estações Climáticas do Pantanal: Seca e Chuvosa

Na região pantaneira, a paisagem passa por transformações profundas ao longo das duas estações distintas do ano: a seca e a chuvosa. Essas mudanças são diretamente influenciadas pela hidrografia local e pelas características climáticas.

Estação Seca: Durante os meses de abril a setembro, conhecidos como a estação seca ou inverno, a região experimenta chuvas escassas e temperaturas bastante agradáveis. Durante o dia, o calor pode ser intenso, mas as noites são frescas ou frias. Nesse período, são cruciais os cuidados e medidas preventivas contra incêndios, que podem se intensificar devido à falta de chuva.

A temperatura, elevada na maior parte do tempo, só diminui durante e imediatamente após chuvas intensas, para depois se elevar novamente até a chegada das volumosas precipitações. A partir de março, o nível das águas começa a baixar, e o Pantanal inicia o processo de secagem. No auge da seca, entre julho e setembro, a água fica restrita aos leitos dos rios, banhados e lagoas em áreas mais baixas, mantendo comunicação constante com os rios ou o lençol freático.

As primeiras chuvas penetram em um solo seco e poroso, sendo facilmente absorvidas. Com o contínuo umedecimento do solo, a planície rapidamente se reveste de verde, graças ao renascimento de várias espécies que resistem à escassez de água dos meses anteriores. Nesse momento, o Pantanal, úmido e caloroso, transforma-se em um vasto alagado, onde rios, banhados e lagoas se entrelaçam.

Estação Chuvosa: De outubro a março, o Pantanal entra na estação das cheias ou verão. A vegetação varia de acordo com o tipo de solo e a inundação, com predominância de espécies de cerrado nas terras arenosas, conhecidas como Pantanal Alto, e gramíneas nas terras argilosas, referidas como Pantanal Baixo.

Durante as chuvas, as depressões em forma de concha e as planícies são inundadas, formando extensos lagos, chamados de Baías, que exibem uma beleza extraordinária. Esse fenômeno é de suma importância, pois, com a elevação das águas, uma considerável quantidade de matéria orgânica é transportada pela correnteza a grandes distâncias, tornando-se um elemento fertilizante para o solo e uma fonte alimentar para diversas espécies.

Essas extensas planícies inundadas fazem parte da bacia hidrográfica do Alto Paraguai, e os principais rios que contribuem para essa hidrografia incluem o Cuiabá (650 km), São Lourenço (670 km) ao norte, Miranda (490 km), Taquari (480 km), Coxim (280 km), Aquidauana (565 km) ao sul, além dos rios de menor extensão, Nabileque, Apa e Negro, e o rio Paraguai, o maior da região.

 

Solo do Bioma Pantanal: Características e Tipos

A região em questão representa uma das maiores planícies de sedimentação global e é a mais recente em termos de formação geológica no Brasil, situando-se na Era Cenozoica, mais especificamente no período quaternário.

Devido a essa origem, a área é predominantemente uma planície inundável, com a formação do solo ocorrendo por meio de processos erosivos. A decomposição lenta da matéria orgânica contribui para a característica de solo pouco fértil, com baixa aptidão agrícola. Além disso, o regime natural de inundação acentua a presença de solos com teor elevado de sódio e magnésio em alguns casos, associado à baixa retenção de nutrientes devido às características mais arenosas.

A combinação de variabilidade no relevo, influência de processos erosivos e características pluviais específicas resulta na formação de diferentes tipos de solo na região. Conforme indicado pela Embrapa, os solos mais comuns incluem o planossolo, espodossolo e gleissolo. De maneira geral, esses solos são pouco profundos, apresentam baixa fertilidade e têm características ácidas.

 

Água no Pantanal: Vida Regulada pelo Maior Ecossistema Alagável

Dentro do vasto ecossistema denominado Pantanal, a água desempenha um papel crucial na regulação da vida. Estamos diante da maior planície alagável do mundo, estimando-se que cerca de 180 milhões de litros de água adentrem diariamente essa exuberante paisagem.

As enchentes se manifestam nos meses chuvosos, quando o volume dos rios que cortam a região aumenta. As planícies pantaneiras, de baixo declive e pouca inclinação, retêm as águas que nelas passam. Devido à permeabilidade limitada do solo, incapaz de absorver completamente o volume de água, vastas áreas são inundadas, dando origem a lagoas, baías, pântanos e brejos interligados pelos cursos dos rios.

Entre os destacados rios na região, figuram o Cuiabá, o São Lourenço, o Itiquira, o Correntes, o Aquidauana e o Paraguai, todos integrando a bacia hidrográfica do Rio da Prata, que abrange grande parte do sudoeste brasileiro.

Os principais rios do Pantanal, incluindo o rio Paraguai e seus afluentes, como São Lourenço, Cuiabá, Miranda, Taquari, Coxim, Aquidauana, assim como os de menor extensão, Nabileque, Apa e Negro, compõem a complexa teia hidrográfica que abrange aproximadamente 150.000 km² de território brasileiro.

Durante as cheias, o solo satura-se rapidamente, incapaz de absorver a água da chuva, resultando no alagamento de banhados, lagoas e transbordamento dos leitos dos rios mais rasos, criando cursos d’água com variáveis localizações e volumes. Devido à baixa inclinação da planície no sentido norte-sul e leste-oeste, estima-se que as águas provenientes da cabeceira do rio Paraguai levem até quatro meses para percorrer todo o Pantanal.

Esse padrão natural de aumento periódico da rede hídrica, associado à suave inclinação da planície e à dificuldade de escoamento devido ao solo saturado, resulta em inundações nas áreas mais baixas, conferindo à região a aparência de um vasto mar interior. Somente os terrenos mais elevados e os morros isolados emergem como verdadeiras ilhas com vegetação, servindo como refúgio para diversos animais contra o avanço das águas.

Clima no Pantanal

O Pantanal possui predominantemente um clima tropical, caracterizado por duas estações bem distintas: o verão chuvoso e o inverno seco. Essas variações sazonais desempenham um papel crucial no turismo local, pois o período chuvoso estende-se de outubro a março, coincidindo com a época de reprodução dos peixes, que ocorre de novembro a fevereiro, limitando e restringindo atividades durante esse ciclo vital para a fauna aquática.

Situada na porção centro-sul do Continente Sul-Americano, a região não sofre influências oceânicas, mas está suscetível à chegada de massas frias provenientes das áreas mais meridionais. Essas massas frias entram rapidamente pelas planícies dos pampas e do chaco, originárias do Rio Grande do Sul e Mato Grosso, respectivamente.

As temperaturas, geralmente elevadas, podem cair rapidamente, com mínimas próximas a 0ºC e máximas a 40ºC, inclusive com ocorrências ocasionais de geadas. As médias anuais registradas giram em torno de 25ºC, com mínimas de 15ºC e máximas de 34ºC. A umidade relativa do ar varia em torno de 50% no inverno e 75% no verão.

Apesar das flutuações abruptas de temperatura, de maneira geral, as temperaturas mais amenas favorecem as atividades turísticas locais, como os passeios de barco que oferecem vistas deslumbrantes das paisagens pantaneiras.

 

Principais Desafios Encontrados no Pantanal

Nos últimos anos, o Pantanal brasileiro tem enfrentado o avanço da fronteira agrícola e pecuária em sua região. Essas atividades econômicas, ao se desenvolverem, acarretam diversos impactos ambientais que influenciam significativamente a dinâmica do ecossistema.

Uma série de incêndios e queimadas foi registrada na área ao longo deste ano, com mais de 14 mil focos identificados nos primeiros meses de 2020, de acordo com dados do IBGE. Esse cenário está relacionado à extração ilegal de madeira, envolvendo a derrubada de florestas seguida por incêndios; à pecuária, com a preparação de áreas de pastagem para o gado; e à agricultura, que utiliza as cinzas das queimadas para preparar o solo, resultando em menor acidez e maior fertilidade para cultivos subsequentes.

Essas ações na região resultam na redução da fauna e flora, levando à extinção total de espécies endêmicas, tanto animais quanto plantas, e contribuem para o empobrecimento do solo, com perda de propriedades e desertificação da área. Além disso, há a diminuição de nascentes e a perda da hidrografia local, com impactos diretos na atmosfera devido à emissão de gases prejudiciais à saúde, contribuindo para o efeito estufa e o aquecimento global.

 

 

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