Originalmente cobrindo uma extensão de 1.110.182 km², o bioma Mata Atlântica representava 15% do território nacional, mas atualmente, apenas 12,5% da floresta original permanecem.
Localizada predominantemente ao longo da costa litorânea, estende-se do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, passando pelos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe.
A Mata Atlântica exibe uma diversidade de formações, abrangendo ecossistemas florestais com estruturas e composições florísticas distintas, moldadas pelas características climáticas locais.
Aproximadamente 70% da população brasileira reside na área da Mata Atlântica, onde as nascentes e mananciais desempenham um papel crucial no abastecimento das cidades. Contudo, essa dependência contribui para os desafios enfrentados, como a crise hídrica, resultante de questões como escassez, desperdício, má gestão da água, desmatamento e poluição.
A biodiversidade presente na Mata Atlântica assemelha-se à da Amazônia, destacando-se animais notáveis como o Mico-Leão-Dourado, onça-pintada, bicho-preguiça e capivara.
Diversidade Biológica
Nas áreas remanescentes da Mata Atlântica, destaca-se uma vegetação exuberante, caracterizada por acentuado higrofitismo, indicando plantas adaptadas a ambientes úmidos. Entre as espécies mais comuns, encontram-se briófitas, cipós e orquídeas.
A fauna endêmica é composta principalmente por anfíbios, abrangendo uma ampla variedade de anuros, mamíferos e aves de diversas espécies. Esta região é uma das mais propensas a precipitações no Brasil, com chuvas orográficas influenciadas pelas elevações do planalto e serras.
A biodiversidade da Mata Atlântica, similar à da Amazônia, apresenta subdivisões devido às variações de latitude e altitude. Surgem ecossistemas distintos, incluindo formações pioneiras devido a condições climáticas ou processos de recuperação, áreas de campos de altitude e enclaves de tensão por contato. A interação com essas áreas cria condições específicas para a fauna e flora locais.
Ecossistemas no Bioma da Mata Atlântica
Definidos pelo CONAMA (Conselho Nacional do Meio Ambiente) em 1992, os ecossistemas presentes na Mata Atlântica incluem: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Estacional Decidual, Floresta Estacional Semidecidual, Mangues, Restingas.
A proteção conferida pelo CONAMA não se restringe apenas à mata primária, abrangendo também os estágios sucessionais em áreas degradadas que estão em processo de recuperação. A mata secundária é protegida em seus estágios inicial, médio e avançado de regeneração.
As copas das árvores podem atingir até 60 metros de altura, formando uma cobertura que cria um microclima característico na mata, sempre úmido e sombreado. Isso resulta em uma estratificação da vegetação, gerando diferentes habitats nos quais a fauna diversificada prospera.
Quanto à flora, 55% das espécies arbóreas e 40% das não-arbóreas são endêmicas, ou seja, exclusivas da Mata Atlântica. Das bromélias, 70% são endêmicas nesse bioma, e das palmeiras, 64%. Estima-se que 8 mil espécies vegetais sejam exclusivas da Mata Atlântica.
Além disso, observa-se que 39% dos mamíferos dessa floresta são endêmicos, incluindo mais de 15% dos primatas, como o Mico-leão-dourado. Das aves, 160 espécies, e dos anfíbios, 183, são exclusivas da Mata Atlântica.
Flora
De acordo com informações do Ministério do Meio Ambiente, a Mata Atlântica abriga aproximadamente 20.000 espécies vegetais, correspondendo a mais de 35% das espécies existentes no Brasil. Estudos indicam uma notável diversidade de árvores por hectare, superando a encontrada na Amazônia peruana, o que sugere a possibilidade de ser a região com a maior diversidade de árvores por unidade de área no mundo.
Dentre os principais exemplares vegetais estão o Pau-Brasil, Cedro, canela, ipê, jacarandá, jatobá, jequitibá, palmeira, epífitas (orquídeas e outros), cipós, entre outros. Atualmente, 200 espécies vegetais brasileiras estão em situação de ameaça de extinção, sendo que 117 delas pertencem à Mata Atlântica, conforme indicam as pesquisas mais recentes.
Fauna
Assim como na flora, a fauna da Mata Atlântica revela uma notável diversidade, com espécies que também podem ser encontradas em outros biomas, como a onça-pintada e a anta. A região abriga mais de 270 mamíferos, 1000 aves, 370 anfíbios, 200 répteis e 350 peixes, embora esses números sejam aproximados devido à vasta distribuição desses animais.
Contudo, essa riqueza tem atraído a atenção de exploradores ilegais da natureza. Segundo dados do Ibama, no final da década de 1980, das 202 espécies ameaçadas de extinção no Brasil, 171 eram nativas da Mata Atlântica. No início dos anos 2000, essa lista de espécies ameaçadas aumentou para 633, sendo mais de 60% provenientes da Mata Atlântica.
A biodiversidade significativa da mata torna a região alvo de tráfico de animais, prejudicando o ecossistema local. A retirada de um animal de seu habitat natural pode levar a um desequilíbrio na cadeia alimentar, prejudicando tanto a presa quanto o predador. É crucial promover a conscientização ambiental, pois pequenos gestos, como o tráfico de animais, podem ter impactos significativos na vida de todo um ecossistema.
Dentre os animais mais comuns na Mata Atlântica, encontram-se o Tatu, Quero-quero, Jararaca, Murucututu-de-barriga-amarela, Gato-do-mato, Jacu, Capivara, Beija-flor-verde, Lagartixa-da-areia, Tartaruga-de-couro, Mico-leão-da-cara-preta e Mico-leão-dourado, além da Cutia.
Água
Nas regiões da Mata Atlântica, o alto índice pluviométrico é resultado das chuvas de encosta provocadas pelas montanhas que interceptam as nuvens. Embora a complexidade de um bioma costumeiramente seja associada à sua fauna e flora, a água desempenha um papel fundamental na existência da biodiversidade.
No caso da Mata Atlântica, suas florestas desempenham uma função vital na manutenção dos processos hidrológicos que garantem a qualidade e a quantidade dos cursos d’água.
A água é um elemento essencial não apenas para a sobrevivência do bioma, mas também para as atividades humanas desenvolvidas dentro dele, incluindo agricultura, pesca, indústria, comércio, turismo, geração de energia, atividades recreativas e saneamento.
O conceito central para entender a relação entre água, biodiversidade e atividades humanas é o da bacia hidrográfica, abrangendo terras drenadas por um rio principal, seus afluentes e subafluentes.
Na Mata Atlântica, estão situadas sete das nove grandes bacias hidrográficas do Brasil, alimentadas pelos rios São Francisco, Paraíba do Sul, Doce, Ribeira de Iguape e Paraná. As florestas desempenham um papel crucial na garantia da quantidade e qualidade da água potável que abastece mais de 110 milhões de brasileiros em cerca de 3,4 mil municípios inseridos no bioma.
A concentração de 72% da população brasileira nas regiões de domínio da Mata Atlântica exerce uma considerável pressão sobre a biodiversidade e os recursos hídricos da região, que já enfrenta problemas de crise hídrica em várias áreas, associados à escassez, desperdício, má utilização da água, desmatamento e poluição.
Quanto ao desperdício, estima-se que no Brasil as perdas atinjam 70%, sendo que 78% de toda a água consumida é destinada ao ambiente doméstico. O mau uso dos recursos hídricos, como nas práticas ultrapassadas de irrigação na agricultura e na indústria, também está associado ao desperdício.
O desmatamento, por sua vez, agrava a crise hídrica, resultando no assoreamento dos cursos d’água e até na extinção de mananciais, especialmente em áreas de mata ciliar. Além disso, a poluição por esgoto, lixo e agrotóxicos prejudica a vida dos rios, tornando a água inadequada para uso.
Para gerir de maneira mais eficiente a água e promover a preservação ambiental, o conceito de bacias hidrográficas tem sido incorporado desde a década de 1970, tanto na esfera governamental quanto em estratégias de conscientização, mobilização e participação pública.
Essa abordagem centraliza a compreensão de que o desenvolvimento de regiões urbanizadas e rurais está intrinsecamente ligado à disponibilidade de água doce, em termos de quantidade e qualidade. A interligação e interdependência dos recursos hídricos são fundamentais, pois ações em uma região de uma bacia podem afetar outras, como no caso de despejo de esgoto em rios, contaminação por agrotóxicos, e obras de infraestrutura.
O processo político derivado dessa perspectiva resultou, entre outras iniciativas, na Lei 9.433/97, que estabelece a bacia hidrográfica como unidade territorial para a implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema de Gerenciamento de Recursos Hídricos, incluindo os Comitês de Bacias Hidrográficas em nível federal e estadual.
Desafios Enfrentados
A legislação promulgada em 2006, que visa a proteção da Mata Atlântica, tem suas raízes em iniciativas ambientalistas datadas da década de 1980, quando a Constituição Federal determinou que esse bioma fosse reconhecido como patrimônio nacional.
O processo de degradação da mata teve início em 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil e começaram a extrair grandes quantidades de pau-brasil, exportando a madeira para a Europa. A cor característica avermelhada dessa árvore chamou a atenção dos europeus, que a utilizavam na construção de móveis e como corante para tecidos.
Ao longo dos anos, o desenvolvimento nas áreas litorâneas do Brasil resultou em extensos desmatamentos na Mata Atlântica para diversas finalidades, como agricultura, abertura de ferrovias e rodovias, expansão urbana e estabelecimento de indústrias. Isso tornou a Mata Atlântica o primeiro bioma brasileiro a enfrentar sérios problemas de desmatamento.
Além do desmatamento, a região também é afetada pelo comércio ilegal de espécies da fauna e flora. O tráfico de animais, especialmente de micos, araras e corujas, assim como o comércio de orquídeas, bromélias e pinheiros, é uma prática recorrente. A retirada não regulamentada de animais e plantas do ecossistema tem impactos significativos na comunidade biológica, sem considerar a ausência de critérios e garantias de sustentabilidade ou renovação para o bioma.
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Referência e Material de Apoio
Ministério do Meio Ambiente – Mata Atlântica >Disponível em: https://antigo.mma.gov.br/biomas/mata-atl%C3%A2ntica_emdesenvolvimento.html
BIOMA MATA ATLÂNTICA > Disponível em: https://rbma.org.br/n/cinebiosfera/bioma-mata-atlantica/