O Cerrado representa um dos cinco principais biomas do Brasil, abrangendo aproximadamente 25% do território nacional, com uma extensão que varia entre 1,8 e 2 milhões de km2 nos Estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, sul do Mato Grosso, oeste de Minas Gerais, Distrito Federal, oeste da Bahia, sul do Maranhão, oeste do Piauí e partes do Estado de São Paulo.
A presença de porções de cerrado também é observada em outros estados, como o Paraná, ou em áreas desconectadas dentro de outros biomas, como a Floresta Amazônica. Classificado como o segundo maior tipo de vegetação do país, logo após a Floresta Amazônica, o Cerrado está predominantemente concentrado no Planalto Central Brasileiro.
Este bioma é reconhecido como uma das regiões mais biodiversas do mundo, abrigando uma estimativa de mais de 6 mil espécies de árvores e 800 espécies de aves. Acredita-se que mais de 40% das espécies de plantas lenhosas e 50% das abelhas presentes sejam endêmicas. Juntamente com a Mata Atlântica, o Cerrado é designado como um dos hotspots mundiais, indicando que é um dos biomas mais ricos e, ao mesmo tempo, ameaçados do planeta.
Assim como nos demais biomas do Brasil, a localização e extensão do Cerrado são influenciadas pelo clima, caracterizado como tropical, com uma variação de precipitação entre 750 e 2000 mm por ano, em média. Entretanto, na maior parte da região, as chuvas normalmente oscilam entre 1100 e 1600 mm anuais. O Cerrado experimenta duas estações climáticas distintas: a estação seca, que se estende por aproximadamente cinco meses (de maio a outubro), e a estação chuvosa, que prevalece no restante do ano (de outubro a maio).
Características do Bioma Cerrado
Vegetação
Devido à extensão considerável do Cerrado, sua vegetação não apresenta uma única aparência. Ao longo de sua abrangência, várias fitofisionomias (características vegetais de uma região) coexistem, refletindo a diversidade de solos, climas e relevos.
Este bioma exibe uma ampla gama de vegetação, que vai desde formas campestres até densas formações florestais, incluindo exemplos como Campos Limpos e Cerradões. Sua notável biodiversidade atrai a atenção da comunidade científica e de turistas, contando com aproximadamente 11.627 espécies nativas, das quais 4.400 são endêmicas, ou seja, exclusivas de determinadas áreas.
As árvores no Cerrado podem atingir até 20 metros de altura, e em regiões de chapadões, é comum encontrar cactos e orquídeas. Devido à intensa incidência solar, a vegetação exibe uma paleta de cores que varia do verde ao amarelo descolorido.
O Cerrado possui onze tipos principais de vegetação, distribuídos entre formações florestais, campestres e savânicas. As espécies de plantas, incluindo árvores, herbáceas, arbustivas e cipós, são divididas em dois estratos:
- Estrato Lenhoso: Composto por árvores altas e arbustos de troncos robustos e sinuosos. Suas raízes podem penetrar até 15 metros de profundidade, permitindo o acesso à água durante períodos de seca.
- Estrato Herbáceo: Formado por subarbustos e ervas, incluindo vegetações mais baixas com raízes alcançando até 30 centímetros de profundidade. Durante a estação seca, os ramos secam, tornando-os propensos a incêndios.
As características distintas desses estratos geram uma competição entre as espécies. A formação herbácea, por exemplo, é marcada pela ausência de sombra, enquanto a formação lenhosa apresenta um adensamento da vegetação. O desenvolvimento da formação lenhosa pode prejudicar o crescimento do estrato herbáceo devido à falta de favorecimento de luz solar.
Algumas das principais espécies vegetais encontradas no Cerrado incluem Ipê, Pau-terra, Angico, Barbatimão, Pequi, Ingá, Aroeira, Copaíba e Jabuticaba.
Clima
A região abrangida pelo bioma Cerrado encontra-se em uma área de clima tropical sazonal, caracterizado por duas estações distintas: verões chuvosos e invernos secos. O período de seca inicia-se em maio e encerra-se em setembro, com a umidade do ar atingindo até 15%. A estação chuvosa ocorre de outubro a abril, com uma temperatura média em torno de 22º C, variando ao longo desses períodos.
Os índices pluviométricos variam de acordo com as fronteiras do Cerrado com outros biomas. Próximo ao bioma Caatinga, por exemplo, o índice pluviométrico varia entre 600 mm e 800 mm, enquanto nas áreas limítrofes com a Amazônia, a precipitação chega a 2200 mm. A média geral de precipitação é de 1500 mm.
Fauna
A fauna do bioma Cerrado abriga uma diversificada gama de espécies animais, com destaque para os insetos, resultado das interações limitantes com outros biomas. Apesar disso, a fauna do Cerrado, especialmente no que diz respeito aos invertebrados, permanece pouco explorada em termos de conhecimento científico.
A composição faunística desse bioma inclui:
- 837 espécies de aves, sendo 29 endêmicas;
- 185 espécies de répteis, com 24 endêmicas;
- 194 espécies de mamíferos, sendo 19 endêmicas;
- 150 espécies de anfíbios, com 45 endêmicas;
- aproximadamente 14.425 espécies de invertebrados.
Exemplos proeminentes da fauna do Cerrado incluem o lobo-guará, jararaca, veado-campeiro, anta, tatu, cachorro-do-mato, papagaio, seriema, tucano, ema, tamanduá-bandeira, onça-pintada, entre outros.
Ambientes Aquáticos
No cerrado, uma variedade de ambientes aquáticos encontra-se presente, como nascentes, lagoas efêmeras, brejos (buritizais e veredas), rios e riachos, que desempenham um papel crucial na formação das principais bacias hidrográficas do Brasil. A área nuclear do cerrado é subdividida nos Domínios do Paraná, Amazônico e do Leste do Brasil.
O Domínio do Paraná engloba as cabeceiras do Rio Paranaíba, seus afluentes da margem esquerda e alguns afluentes da margem direita, como o Rio São Marcos, além dos afluentes da margem direita do alto Rio Paraná. O Domínio do Leste do Brasil compreende as cabeceiras do Rio São Francisco, no Estado de Minas Gerais, e afluentes da margem esquerda, como o Rio Paracatu e o Rio Urucuia.
O Domínio Amazônico abrange os cursos do Alto e Médio Rio Araguaia e Rio Tocantins, juntamente com os cursos superiores de alguns afluentes dos rios Xingu, Tapajós e Madeira. Conexões importantes entre as cabeceiras dos rios formadores das bacias do Tocantins, São Francisco e Parnaíba são denominadas “Águas Emendadas”, localizadas em Goiás, Minas Gerais e no Distrito Federal.
As bacias hidrográficas abrigam uma biota diversificada, rica em invertebrados e vertebrados aquáticos, embora grande parte ainda não tenha sido completamente explorada. Cada bacia hidrográfica apresenta uma biota característica, e no que diz respeito à ictiofauna, as espécies nas cabeceiras estão mais intimamente relacionadas com as da própria bacia jusante do que com as cabeceiras de outras bacias.
Entretanto, nas áreas de conexão entre as bacias (“Águas Emendadas”), pode ocorrer a troca de ictiofauna entre elas. No Distrito Federal, existem conexões entre as bacias de Tocantins e Paranaíba, Tocantins e São Francisco, e São Francisco e Paranaíba, sendo que apenas a primeira conexão é protegida pela ESEC Estadual de Águas Emendadas, enquanto as outras duas estão sob séria ameaça devido à pressão das atividades humanas.
Solo
No bioma Cerrado, é comum encontrar diferentes tipos de solos, entre eles o latossolo e o solo podzólico ou argiloso.
Latossolo: um solo ácido de coloração avermelhada, caracterizado por sua baixa fertilidade em nutrientes.
Solo Podzólico: apresenta uma coloração mais escura, com tons avermelhados, e é suscetível a processos erosivos.
Os solos do Cerrado são pouco profundos, antigos e drenados, remontando ao Período Terciário. Sua coloração predominante é avermelhada, e devido à sua porosidade excessiva e alta permeabilidade, estão propensos a intensos processos de lixiviação, resultantes do escoamento das águas superficiais. As texturas variam, com predominância de solos arenosos ou argilosos, como areia, argila e silte.
Quanto às características químicas, o solo do Cerrado é rico em alumínio, levando a um pH que varia entre 4 e 5, indicando sua acidez. Inicialmente desafiador para a agricultura, avanços tecnológicos possibilitaram a correção dessa acidez por meio de práticas como a calagem. Os principais produtos agrícolas cultivados no Cerrado incluem soja, cana-de-açúcar, milho e algodão.
Em algumas regiões do Cerrado, a presença de couraças no solo dificulta a infiltração da água das chuvas, impedindo o desenvolvimento de vegetação exuberante e inviabilizando a produção agrícola.
Importância do Cerrado
O Cerrado engloba uma região habitada ao longo de muitos anos, principalmente por comunidades indígenas, como os Karajás, Avá-Canoeiros e Xerentes. Essas comunidades dependem dos recursos naturais fornecidos pelo próprio bioma para garantir seu sustento.
Aproximadamente 200 espécies nativas do Cerrado não apenas possuem potencial econômico, mas também destacam-se por suas propriedades medicinais. De acordo com estudos conduzidos por pesquisadores da Universidade de Brasília, plantas como alfavaca, assa-peixe, mangaba, erva-cidreira e poejo possuem propriedades terapêuticas. Algumas dessas espécies já foram inclusive patenteadas por empresas farmacêuticas.
Devido à sua vasta biodiversidade, localização em uma região com elevado potencial aquífero que abastece diversas bacias hidrográficas, e papel essencial no suporte a várias comunidades, a conservação do Cerrado se torna de importância crucial.
Desafios Enfrentados
Apesar de possuir uma biodiversidade notavelmente rica, o bioma Cerrado tem enfrentado consideráveis desafios, principalmente decorrentes do desmatamento causado pela expansão agrícola.
Atualmente, apenas 20% da área total do bioma permanece preservada, passando por um significativo processo de descaracterização. Grandes extensões, antes representativas do Cerrado, agora são ocupadas por extensas pastagens para gado e vastas plantações de soja, algodão, cana-de-açúcar e eucalipto. Além disso, uma parcela expressiva do Cerrado já foi perdida devido ao acelerado processo de urbanização.
O desmatamento, a caça ilegal, o contrabando de espécies e as queimadas ameaçam o habitat de diversas espécies, aumentando o risco de sua extinção.
Animais em Risco de Extinção no Bioma Cerrado
Anta, onça-pintada, onça-parda, preá, paca, jaguatirica, cachorro-do-mato, calango, preguiça, teiú, cateto, gambá, lontra, tatu-bola, tatu-canastra, tamanduá-bandeira, cobras (cascavel, coral verdadeira e falsa, jararaca, cipó, jiboia), queixada, guariba.
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